O primeiro dia da greve dos rodoviários foi de transtornos para os usuários do transporte público da Região Metropolitana do Recife. Terminais bloqueados para a chegada de ônibus, veículos parados nos principais corredores da cidade e muita gente caminhando para conseguir chegar ao destino foi o cenário observado durante todo o dia de ontem. Hoje, a cena pode se repetir.
Em reunião que se prolongou até as 23h de ontem no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) junto aos representantes do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), os rodoviários não chegaram a um acordo e voltam a se reunir hoje para julgar o dissídio coletivo.
Os rodoviários pedem reajuste de 33%, além de aumento no vale-alimentação, enquanto os patrões oferecem contraproposta de 3%.
"Amanhã [hoje] vamos parar novamente os ônibus nas ruas e tirar poucos veículos da garagem até que nos chamem para negociar. Não conseguimos nenhum acordo com as reuniões", disse um dos representantes da Oposição Rodoviária, ligada à CUT, Roberto Carlos.
Apesar da determinação da última sexta-feira do TRT de colocar 80% da frota nas ruas, apenas 48,6% dos coletivos circularam no horário de pico da manhã de ontem, entre as 5h30 e 9h da manhã, de acordo o Grande Recife Consórcio de Transporte. Já segundo o levantamento do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), foi garantida no horário 56% da frota.
O Urbana-PE solicitou ainda que o TRT declare abusiva a greve dos rodoviários e em caso de decisão favorável, que o sindicato patronal não seja obrigado a pagar a os trabalhadores pelos dias parados. Os patrões pediram ainda que seja estabelecida multa diária de R$ 100 mil se os empregados não voltarem ao trabalho de imediato, além do cancelamento de cláusulas pendentes para a conciliação.
Marcada inicialmente para as 6h, a greve teve início às 8h. No Centro do Recife, as avenidas Guararapes e Conde da Boa Vista, assim como os arredores do Parque 13 de Maio e as pontes da cidade, registraram diversos ônibus parados.
Para evitar que os coletivos circulassem, rodoviários tiraram os pitos dos pneus, que murcharam, evitando assim a saída e garantido o andamento da greve.
No viaduto Capitão Temudo, sentido Olinda/ Boa Viagem, coletivos também ficaram parados na tarde de ontem.
Nos principais terminais da RMR como o da PE-15, em Olinda, e o Joana Bezerra, os ônibus foram impedidos de entrar e as filas de passageiros foram extensas, sobretudo pela manhã.
A volta para casa, à noite, também foi difícil. Sem ônibus, a população esperou uma média de duas horas nas paradas até conseguir o acesso ao transporte. Nas redes sociais, as queixas vinham junto a tarifas abusivas que estariam sendo cobradas por taxistas da cidade.
Hoje, dois milhões de passageiros utilizam o transporte público no Grande Recife. A frota atual é de 3.000 veículos que realizam 26 mil viagens por dia.
Denúncia
O Ministério Público do Trabalho (MPT) em Pernambuco informou que irá apurar a denúncia protocolada ontem no órgão sobre a demissão de rodoviários durante a greve, assim como a contratação de profissionais substitutos para a função dos grevistas.
"O MPT lembra que é vedada pela lei a demissão dos trabalhadores grevistas, considerando que os contratos estão suspensos no período de greve, estando também as empresas proibidas de contratar trabalhadores substitutos", informa o procurador-chefe, José Laízio Pinto Júnior.
Fonte: Destak Jornal