Posto de recepção, onde são realizados os procedimentos de controle de passaporte e vacinação, chegou a ser fechado para garantir a segurança do pessoal interno

Moradores de Pacaraima queimam pneus durante manifestação contra venezuelanos Foto: Isac Dantes/ AFP


Após os tumultos ocorridos neste sábado, 18, em Pacaraima (RR), na fronteira do Brasil com a Venezuela, perto de 1.200 imigrantes venezuelanos deixaram o País, informou neste domingo, 19, ao Estado o comandante da base local da Operação Acolhida, coronel Hilel Zanatta. O posto de recepção, onde são realizados os procedimentos de controle de passaporte e vacinação, chegou a ser fechado entre às 11h00 do sábado e às 8h00 de domingo, para garantir a segurança do pessoal interno. 

“Calculamos que foram cerca de 1.200 pessoas”, informou o coronel Hilel Zanatta. Esse número se refere aos 500 venezuelanos que estavam no posto de recepção e mais os 400, que pelo fluxo normal, chegariam ao País ao longo da tarde. Além desses, há perto de 300 imigrantes que viviam nas ruas de Pacaraima e, por questão de segurança, cruzaram a fronteira de volta. 

Parte dessas pessoas que cruzaram a fronteira, porém, já retornou ao Brasil na manhã deste domingo. “A situação está se normalizando”, disse o coronel. “O fluxo está um pouco menor em relação aos demais dias, mas a recepção e a triagem estão funcionando normalmente.” Ele explicou que muitas das pessoas que passam pela fronteira estão com passagem comprada para outros países, como Argentina, Chile e Paraguai. Outras não solicitam a acolhida na fronteira porque já têm contato em outros pontos do Brasil.

A cidade de Pacaraima registrou tumultos após uma manifestação resultar em atos deagressão e destruição de acampamentos de venezuelanos que vivem na cidade. Bombas caseiras foram jogadas em praças e nos abrigos improvisados nas ruas. Alguns imigrantes foram expulsos e deixados do outro lado da fronteira, enquanto seus pertences foram queimados. Eles reagiram e uma confusão generalizada foi formada.

A revolta começou após um assalto a um dos moradores da cidade, o comerciante Raimundo Nonato de Oliveira, de 55 anos. Ele teve a casa invadida e foi espancado durante um assalto que teria sido praticado por quatro venezuelanos. Atingido na cabeça, o homem foi levado para uma hospital da capital, Boa Vista, por causa dos ferimentos.

Venezuelanos descansam ao lado de seus pertences em um terminal de ônibus, depois de serem expulsos do ponto de controle fronteiriço de Pacaraima por civis brasileiros Foto: REUTERS/Nacho Doce.


Medidas

Em nota, a chancelaria da Venezuela informou neste domingo, 19, que instruiu o pessoal de seu consulado em Boa Vista (RR) a deslocar-se "de imediato" para Pacaraima, para velar pela integridade dos cidadãos venezuelanos na zona. Ela informa, também, haver entrado em contato com o Ministério das Relações Exteriores do Brasil "a fim de solicitar as garantias correspondentes aos nacionais venezuelanos e tomar as medidas de resguardo e segurança de suas famílias e pertences."

O presidente Michel Temer convocou para a manhã deste domingo uma reunião no Palácio da Alvorada para discutir a situação na fronteira com a Venezuela. O governo pretende enviar 60 homens da Força Nacional de Segurança para o local. Eles deverão seguir nesta segunda-feira, 20, mas já estão de sobreaviso.

Em nota, o governo federal afirmou repudiar "atos de vandalismo e violência contra qualquer cidadão, independentemente da sua nacionalidade". De acordo com Jungmann, "a situação é tensa, mas se estabilizou e está sob controle".




Fonte: Estadão