Uma mulher vê - e toca - o rosto de seu irmão morto em outra pessoa, pela primeira vez, após um transplante pioneiro em todo o mundo.


O transplante aconteceu graças à família de Joshua Aversano, que morreu tragicamente, aos 21 anos, em um acidente de carro. O incrível encontro entre sua irmã, Rebeca, e o destinatário, Richard Norris, foi registrado em vídeo para um programa de TV.

A família permitiu que os médicos dessem o rosto do rapaz para Norris, que, há 18 anos, desfigurou-se completamente, quando, acidentalmente, explodiu a maior parte de seu rosto com uma espingarda. A última operação transformou sua vida.

Norris passou por mais de 30 operações para tentar corrigir os danos e restaurar sua face. O longo e doloroso processo resultou em poucos sinais de melhora, deixando-o deprimido e com pensamentos suicidas.

Há três anos, a tragédia na família Aversano lhe ofereceu um vislumbre de esperança. Norris, hoje aos 39 anos, foi submetido a um dos transplantes de rosto mais complexos e caros da história, recebendo dentes, uma mandíbula e até mesmo uma língua de seu doador.

A mãe do doador, Gwen Aversano, disse à rede CTV Notícias, do Canadá, que eles sabiam que era a coisa certa a se fazer. "Nós definitivamente podemos ver o nosso filho nele. Estamos satisfeitos que pudemos ajudá-lo mesmo após uma perda tão trágica”.

A operação durou 36 horas e foi considerada extremamente controversa e Norris só tinha 50% de chance de sobrevivência. O resultado, porém, não era apenas uma nova vida para ele, mas um estudo inovador de aprendizagem para os médicos, que serviria para tratar soldados e outras vítimas de graves lesões faciais.

Eduardo Rodriguez, o médico que realizou a operação no centro médico de Maryland, nos EUA, disse que Norris concordou em assumir uma enorme responsabilidade quando optou por submeter-se ao procedimento de transplante facial completo. "Ele nunca pensou apenas em si mesmo. Ele queria ajudar os soldados feridos e as outras pessoas, fornecendo a esperança em caso de sucesso. Ele é um homem notável”, disse o médico em entrevista.

Norris já havia passado por dezenas de cirurgias anteriores para tentar reparar seu rosto, mas nenhuma convencional conseguiu ajudá-lo por completo. Poucas semanas após Norris dizer a outro médico que havia pouca coisa que poderia ser feita para ele, Rodriguez o presenteou com o transplante.


Norris, que faz verificações visuais diárias, vem ganhando mais expressão em seu novo rosto a cada dia que passa, mas depois de tanta rejeição que ele enfrentou nas ruas (quando não possuía face), ainda sente medo de o acharem diferente. "Todo dia eu acordo com esse medo. Será que é hoje o dia que eu entrarei em estado de rejeição tão ruim que os médicos não poderão alterar e irão retirar o rosto?”, revelou.

Antes do transplante, Norris raramente saía de sua casa. Além de usar uma máscara cirúrgica e boné de beisebol em suas esporádicas saídas em público, ele fazia suas compras à noite, evitando enfrentar os olhares de tantas pessoas. "Eu agora passo ao lado das pessoas e elas não me olham uma segunda vez", finalizou.




Jornal Ciência
Foto: Reprodução / DailyMail