Homens armados são vistos saindo de um carro e apontando armas a um carro da polícia perto do escritório da revista satírica, em Paris (Foto: Anne Gelbard/AFP)

Pelo menos 12 pessoas morreram em um tiroteio em Paris nesta quarta-feira (7), informou a polícia francesa. 

O crime aconteceu no escritório da revista satírica Charlie Hebdo, que já havia sido alvo de uma ataque no passado após publicar uma caricatura do profeta Maomé, o que irritou os muçulmanos.

Entre os mortos estão dois policiais e 10 funcionários da revista. Segundo fontes policiais, os autores do ataque gritaram "Vingamos o Profeta!", em referência a Maomé, alvo de uma charge publicada há alguns anos pela revista, o que provocou revolta no mundo muçulmano.

Segundo o jornal “The Guardian”, Rocco Contento, porta-voz do sindicato dos policiais local, disse aos jornalistas que três suspeitos fugiram em um carro dirigido por um quarto homem. O veículo seguiu no sentido de Port de Pantin, onde o veículo foi abandonado e os suspeitos roubaram um segundo carro, no qual continuaram fugindo.

O número de suspeitos envolvidos no crime ainda é incerto e não foi confirmado pela polícia. Eles ainda são procurados e são perigosos, segundo as autoridades.

O jornal “Libération” informou que o cartunista Charb, que foi incluído na lista de pessoas procuradas pela Al-Qaeda em 2013 por produzir charges do profeta Maomé, foi gravemente ferido

O presidente francês, François Hollande, acrescentou que "40 foram salvas". Ele classificou o caso como um "ataque terrorista", e disse que a França está em estado de choque. Os autores do ataque são procurados pela polícia.

Pessoa ferida na sede da revista satírica 'Charlie Hebdo', em Paris, é socorrida após ataque a tiros deixar mais de 10 mortos e vários feridos (Foto: Philippe Dupeyrat/AFP)

Hollande reconheceu que o governo sabia que a França "estava ameaçada, como outros países do mundo", e afirmou que "foram desbaratados vários atentados terroristas nas últimas semanas".

Uma reunião emergêncial do gabinete da presidência foi convocada para as 14h locais (11h de Brasília). Após o ataque, a França elevou para o nível máximo o nível do alerta terrorista em Paris.

A agência Reuters, citando a polícia, diz que ouras 10 pessoas ficaram feridas, cinco em estado crítico. Fontes ligadas ao caso disseram que dois dos mortos são policiais.

“Cerca de meia hora atrás dois homens usando capuz escuro entraram no prédio com duas armas”, disse a testemunha Benoit Bringer à rádio France Info. “Alguns minutos depois nós ouvimos os barulhos dos disparos”. Ele acrescentou que os homens foram vistos deixando o prédio.

Ao abandonar o prédio, os agressores atiraram contra um policial, atacaram um motorista e atropelaram um pedestre com o carro roubado.

"Ouvi disparos, vi pessoas encapuzadas que fugiram em um carro. Eram pelo menos cinco", declarou à AFP Michel Goldenberg, que tem um escritório vizinho na rua Nicolas Apert, onde fica a sede da revista.

Revista
A sede da revista foi alvo de um ataque a bomba em novembro de 2011 após colocar uma imagem satírica do profeta Maomé em sua capa.

Coincidência ou não, a Charlie Hebdo fez a divulgação em sua edição desta quarta-feira do novo romance do controvertido escritor Michel Houellebecq, um dos mais famosos autores franceses no exterior.

A obra de ficção política fala de uma França islamizada em 2022, depois da eleição de um presidente da República muçulmano.

"As previsões do mago Houellebecq: em 2015, perco meus dentes... Em 2022, faço o Ramadã!", ironiza a publicação junto a uma charge de Houellebecq.

A revista de humor tem sido ameaçada desde que publicou charges do profeta Maomé em 2006.

Em novembro de 2011, a sede da publicação foi destruída por um ataque criminoso, já definido como atentado pelo governo na época.

Em 2013, um homem de 24 anos foi condenado à prisão com sursis por ter pedido na internet que o diretor da revista fosse decapitado por causa da publicação das caricaturas do profeta muçulmano.

Repercussão
O premiê britânico, David Cameron, condenou o ataque e o classificou de “doentio”, além de reforçar seu apoio à França na luta contra o terrorismo.

“Os assassinatos em Paris são doentios.Nós estamos ao lado dos franceses na luta contra o terrorismo e na defesa da liberdade de imprensa”, disse o premiê em um comunicado oficial.

A Casa Branca condenou “nos termos mais fortes” o ataque. “Toda a Casa Branca se solidariza com as famílias de todos os que resultaram mortos ou feridos neste ataque”, disse Josh Earnest, porta-voz do presidente dos EUA, Barack Obama.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que o tiroteio não foi um ataque apenas contra cidadãos franceses, mas contra a liberdade de imprensa e de expressão. Ela afirmou que a Alemanha apoia a França neste momento difícil.

O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, disse que o crime foi um “ato intolerável”. "Estou profundamente consternado com o ataque brutal e desumano contra a redação da Charlie Hebdo. É um ato intolerável, uma barbárie que questiona a todos nós como seres humanos e europeus", afirmou Juncker em um comunicado.




Fonte: G1