Campanhas mais caras elegem ou lideram disputa em 17 capitais

Nelson A. Ishikawa/iStock


Mesmo com a proibição das doações de empresas e a consequente redução do orçamento das campanhas, os candidatos que mais receberam doações se saíram bem nas urnas neste domingo (2) na maioria das capitais brasileiras, segundo levantamento feito pelo UOL nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Das 26 capitais em Brasília não houve eleição, em 17 o primeiro colocado nas urnas foi o que mais arrecadou na campanha. Os dados ainda são parciais e podem ser mudados até a prestação de contas final. Porém, como em 2016 foi obrigatório o lançamento de gastos em tempo real, as alterações devem ser mínimas.

Dos oito eleitos no primeiro turno, só em Rio Branco o candidato que mais arrecadou não foi eleito. A que mais recebeu doações foi Eliane Sinhasique (PMDB), com R$ 234 mil, mas ficou na segunda posição. O vencedor em primeiro turno foi o atual prefeito, Marcus Alexandre (PT), que teve R$ 184 mil arrecadados. A capital do Acre, por sinal, teve a campanha mais barata entre as capitais.

Em todas as outras sete capitais em que os eleitos venceram no primeiro turno, os candidatos que mais arrecadaram foram eleitos. Foram os casos de São Paulo,Salvador, João Pessoa, Natal, Teresina, Palmas e Boa Vista (A lista com nomes, valores e principal fonte de receita está publicada ao final do texto).

Entre os eleitos, o que mais teve recursos na campanha foi o próximo prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB). Segundo a prestação de contas, até o sábado (1º) sua campanha tinha recebido doações num total de R$ 7.341.422,18. A maior fonte de receita foram as autodoações, que somaram R$ 2,9 milhões.

Dez candidatos ficaram na primeira colocação, mas ainda vão ao segundo turno, também foram os que mais arrecadaram. Outros quatro ficaram em segundo lugar e vão tentar mudar o cenário no próximo dia 30.

Quatro candidatos receberam mais, mas estão fora da disputa. Curiosamente, o candidato que mais arrecadou no país ficou fora do segundo turno. Foi Pedro Paulo (PMDB), do Rio, que recebeu R$ 9.093.841,77 em doações, mas ficou na terceira posição.

Entre os partidos, o PMDB ficou à frente no ranking de campanhas mais caras e teve oito candidatos que lideraram as arrecadações nas capitais. O PSDB veio em seguida, com seis candidatos. O PT não figura com nenhum candidato que liderou arrecadações de gastos entre as 26 capitais.

Entre as fontes de receita, as doações partidárias aparecem como principal fonte de arrecadação em 14 capitais. Em sete, as pessoas físicas foram as que mais repassaram recursos. Já em outras cinco, as autodoações foram as maiores financiadoras.
Doações altas

Em setembro, o UOL identificou no sistema do TSE e citou em reportagem-- 96 doações acima de R$ 100 mil a candidatos.

O doutor em direito pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e pesquisador de doações eleitorais Bruno Carazza avaliou à época que a proibição de doações de empresas não amenizou em nada a disparidade econômica entre candidatos por não estipular valores máximos de doação.

"Obviamente isso é anti-isonômico, desigual e injusto. Quando o STF (Supremo Tribunal Federal) proibiu as doações de empresas, o pleito da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) envolvia também a necessidade da imposição de um limite para as doações de pessoas físicas e as autodoações de candidatos. O espírito do pedido da OAB era o mesmo da proibição de doações de empresas: reduzir a influência econômica sobre o resultado das eleições", disse.
Veja os líderes de cada capital em doações:

NORTE

Rio Branco
Eliane Sinhasique (PMDB)
Arrecadado: R$ 234.500
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: Perdeu (ficou em segundo, mas disputa foi decidida no primeiro turno)

Manaus

Marcelo Ramos (PR)
Arrecadado: R$ 1.448.733,39
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 2º)

Macapá

Clecio (Rede)
Arrecadado: R$ 1.010.000
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

Belém

Zenaldo Coutinho (PSDB)
Arrecadado: R$ 552.997,32
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

Porto Velho

Dr. Hildon (PSDB)
Arrecadado: R$ 1.594.920
Maior fonte: Recursos próprios
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

Boa Vista

Teresa (PMDB)
Arrecadado: R$ 1.691.772
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: Eleita

Palmas

Amastha (PSB)
Arrecadado: R$ 3.790.000
Maior fonte: Recursos próprios
Situação: Eleito

NORDESTE

Maceió

Cícero Almeida (PMDB)
Arrecadado: R$ 1.677.735,30
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 2º)

Salvador

ACM Neto (DEM)
Arrecadado: R$ 7.360.508,69
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: Eleito

Fortaleza

Roberto Claudio (PDT)
Arrecadado: R$ 7.762.984
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

São Luís

Edivaldo Holanda (PDT)
Arrecadado: R$ 1.216.800
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

João Pessoa

Luciano Cartaxo (PSD)
Arrecadado: R$ 860.803,25
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: Eleito

Recife

Geraldo Julio (PSB)
Arrecadado: R$ 2.113.900
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

Teresina

Firmino Filho (PSDB)
Arrecadado: R$ 796.533,01
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: Eleito

Natal

Carlos Eduardo (PDT)
Arrecadado: R$ 1.106.550
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: Eleito

Aracaju

Valadares Filho (PSB)
Arrecadado: R$ 1.298.265,50
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 2º)

CENTRO-OESTE

Goiânia

Vanderlan (PSB)
Arrecadado: R$ 2.239.380
Maior fonte: Recursos próprios
Situação: 2º turno (ficou em 2º)

Campo Grande

Rose Modesto (PSDB)
Arrecadado: R$ 2.586.166,16
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: 2º turno (ficou em 2º)

Cuiabá

Emanuel Pinheiro (PMDB)
Arrecadado: R$ 1.642.151,14
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

SUDESTE

Vitória

Lelo Coimbra (PMDB)
Arrecadado: R$ 575.700
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: Perdeu (ficou em 3º)

Belo Horizonte

Rodrigo Pacheco (PMDB)
Arrecadado: R$ 3.508.335,01
Maior fonte: Recursos próprios
Situação: Perdeu (ficou em 3º)

Rio de Janeiro

Pedro Paulo (PMDB)
Arrecadado: R$ 9.093.841,77
Maior fonte: Doações partidárias
Situação: Perdeu (ficou em 3º)

São Paulo

João Doria (PSDB)
Arrecadado: R$ 7.341.422,18
Maior fonte: Recursos próprios
Situação: Eleito

SUL

Curitiba

Rafael Greca (PMN)
Arrecadado: R$ 1.716.388,40
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

Porto Alegre

Nelson Marchezan Junior (PSDB)
Arrecadado: R$ 1.776.537,08
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: 2º turno (ficou em 1º)

Florianópolis

Gean Loureiro (PMDB)
Arrecadado: R$ 745.800
Maior fonte: Doações de pessoas físicas
Situação: 2º turno (ficou em 1º)





Fonte: Uol/colaborador Carlos Madeiro