Apesar da origem paulistana, Mário Sérgio Ferreira Brochado (10 de dezembro de 1958, São Paulo - SP / 29 de maio de 2016, Nilópolis - RJ) foi cantor, compositor e cavaquinista mais ligado ao samba e aos bambas do Rio de Janeiro (RJ) do que ao samba de São Paulo. É que Mário Sérgio foi por mais de 20 anos um dos vocalistas do Fundo de Quintal - grupo carioca no qual ingressou em 1990, do qual saiu em 2008 e para o qual retornou em 2013, a tempo de gravar o último álbum de estúdio do Fundo de Quintal, Só felicidade (LGK Music / Radar Records, 2014). 

O disco acabou sendo o derradeiro título da discografia de Mário Sérgio, que saiu de cena na madrugada deste domingo, 29 de maio de 2016, em Nilópolis (RJ), município da Baixada Fluminense (RJ), vítima de complicações decorrentes de linfoma no pâncreas. 

Antes de integrar o Fundo de Quintal, Sérgio - estudante de violão clássico na infância - ganhou a vida como fuzileiro naval (quando já morava na cidade do Rio de Janeiro) e se formou em economia e administração de empresas até que decidiu dedicar a vida ao samba, ritmo que divulgou por um tempo nos quatro cantos do mundo como integrante de grupo italiano que viajava com espetáculo calcado no samba. Na volta, Mário Sérgio entrou no Fundo de Quintal. Compositor que teve músicas gravadas desde a segunda metade de 1987 por nomes como o cantor paulistano Reinaldo, Mário Sérgio ascendeu nas quadras e terreiros ao longo dos anos 1990, década em que atuou como um dos vocalistas do Fundo de Quintal. Já em 1990 o samba Mania da gente - de Mário Sérgio com Carica e Luizinho SP - batizou o quinto álbum solo de Zeca Pagodinho. Em 1991, Mário Sérgio bisou o feito: samba composto por ele em parceria com Sereno, Pixote, deu nome ao sexto álbum solo de Pagodinho. 

No ano seguinte, Pagodinho reiterou o aval ao artista ao batizar o terceiro álbum consecutivo, Um dos poetas do samba (BMG, 1992), com o nome de samba composto por Mário Sérgio - no caso, com Capri e Wilson Moreira. Como um dos vocalistas, compositores e músicos do Fundo de Quintal, o artista teve naturalmente várias músicas gravadas pelo grupo. Uma das que obteve maior sucesso foi Amor dos deuses (Mário Sérgio e Ronaldinho, 1995). O samba Amor dos deuses seria registrado por Sérgio no álbum solo gravado e lançado por ele no período em que esteva fora do Fundo de Quintal, Nasci para cantar e sambar (LGK Music / Som Livre, 2009), disco no qual deu novas asas a Fada (Mário Sérgio e Luiz Carlos da Vida, 1995). O álbum não obteve o sucesso esperado e Sérgio acabou voltando para o Fundo de Quintal. Mesmo não tendo feito parte do Fundo de Quintal na década do auge artístico do grupo, os anos 1980, Mário Sérgio sai hoje de cena com o nome inscrito na vasta galeria do samba.




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