Por utilizar mecanismos de filtragem, o consumo de narguilé é visto como menos nocivo à saúde. Mas, na verdade, seu uso é tão ou mais prejudicial do que o de cigarros. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma sessão de narguilé dura em média de 20 a 80 minutos, o que corresponde a fumar de 100 cigarros.

Estudos associam o uso de narguilé ao desenvolvimento de câncer de pulmão, doenças respiratórias, doença da gengiva (periodontal) e bebês com baixo peso ao nascer (para gestantes que fumam), além de expor seus usuários a nicotina em concentração que causa dependência.

Após 45 minutos de sessão, o narguilé aumenta os batimentos cardíacos e a concentração de monóxido de carbono expirado. Ocorre também maior exposição a metais pesados, altamente tóxicos e de difícil eliminação, como o cádmio. Em longo prazo, seu consumo pode causar câncer de pulmão, boca e bexiga, aterosclerose e doença coronariana. Mas os riscos do uso do narguilé não estão somente relacionados ao tabaco, mas também a doenças infectocontagiosas: compartilhar o bocal entre os usuários pode resultar na transmissão de doenças como herpes, hepatite C e tuberculose.



Ministério da Saúde

A crescente popularidade do narguilé entre adultos jovens e adolescentes tem preocupado a saúde pública em todo o mundo: estima-se que cerca de 100 milhões de pessoas usam narguilé para fumar tabaco todos os dias no mundo de acordo com a pesquisa Reducing Hookah Use – “Um desafio para o século XXI”.

Dados da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab) – realizada em 2008, pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em parceria com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) – apontaram que o cachimbo de origem oriental tinha, na época, quase 300 mil consumidores no país. Vale destacar que o narguilé tem uma característica peculiar: pode ser usado por várias pessoas. O que reforça o aspecto da socialização, algo muito atraente, especialmente para os jovens.

Informações da pesquisa Vigescola, em 2009, evidenciaram a alta prevalência do consumo do narguilé entre adolescentes de 13 a 15 anos. Em São Paulo, dos entrevistados que consumiam produtos de tabaco além do cigarro industrializado, 93,3% declararam usar o narguilé. Em Campo Grande (MS), 87,3% dos estudantes ouvidos disseram preferir o cachimbo oriental. Já em Vitória, o percentual ficou em 66,6%.

Em 2011, o mesmo panorama foi constatado pela pesquisa Perfil do Tabagismo entre Estudantes Universitários no Brasil (PETuni), do Ministério da Saúde, entre universitários de alguns cursos da área da saúde. Em Brasília, 63% dos estudantes que declararam consumir com frequência algum outro tipo de produto derivado do tabaco, fizeram uso do narguilé. Em São Paulo, o número sobe para 80%.

Já outro estudo entre estudantes de medicina de uma universidade em São Paulo mostrou que a experimentação de narguilé entre alunos do terceiro e sexto anos foi de 47,32% e 46,75%, respectivamente.

Narguilé x Direção
Um estudo realizado pelo Instituto de Tecnologia de Israel demonstrou que o envolvimento de usuários de narguilé em acidentes de transito é 40% maior do que os não usuários. O estudo concluiu que seu uso torna o ato de dirigir menos estável e mais perigoso devido à hipóxia cerebral (diminuição da oxigenação do cérebro) causada pelos altos níveis de monóxido de carbono inalado.