Ações de artes visuais, fotografia, design e moda vão ocupar o espaço entre os dias 19 e 25/7. A Casa Galeria Galpão funcionará das 16h às 21h.

Edmar Melo/Secult-PE/Fundarpe

Além de exposições, a Casa Galeria Galpão será ocupada com performances e uma roda de diálogo.

Antiga sede do Fórum de Garanhuns, a Casa Galeria Galpão se transforma, durante o Festival de Inverno, em um grande centro das artes neste período do ano. Na programação do espaço deste ano, o público poderá conferir 15 exposições permanentes, que contemplarão artes visuais, fotografia, design e moda, além de uma série de performances e uma roda diálogo sobre arte contemporânea, com os artistas visuais Beth da Mata e Marcelo Silveira. A abertura oficial da Casa acontecerá no dia 19/7, e as atividades vão seguir até o dia 25/7, das 16h às 21h.

Artes Visuais
“A maioria dos artistas escolhidos para expor na Galeria Galpão foi ranqueada e pontuada pela Comissão de Análise de Mérito – criada especialmente para o FIG 2015. Convidamos um ou outro participante, como Paulo Meira, para integrar nossas exposições e, dentro da própria Comissão, surgiu a ideia de promover uma atividade de formação com os artistas, que batizamos de Diálogo Ex-Positivo. Esse bate-papo com os artistas Beth da Mata, Marcelo Silveira e o nosso coordenador, Márcio Almeida, tratará sobre temas ligados à arte contemporânea e, prioritariamente, com questões que são primordiais na produção/proposição de um projeto nessa área”, disse Ellen Meireles, assistente da Coordenadoria de Artes Visuais, sobre a programação.

Nas salas e nos vãos da Casa Galeria Galpão, os visitantes vão poder ver a exposição Sonhadores, de Daaniel Araújo, que apresenta como eixo temático o sonho e a dimensão do sonhador. No espaço, ele irá apresentar uma mostra que trará representação de pessoas adormecidas, em quatro painéis inéditos, e outros elementos que remetem ao ato de sonhar. Além disso, durante o festival, o artista recolherá, através de arquivos de áudio coletados pelo Whatsapp, com os visitantes do FIG, narrativas de histórias sonhadas, que serão reproduzidas durante os dias em que a instalação estiver montada. “As pessoas podem enviar, desde já, seus sonhos através deste número (81)99814.7335. Como quero que as pessoas partilhem de uma experiência coletiva, esses áudios serão reproduzidos no meio da sala, tal qual fosse uma conversa entre quem mandou o arquivo e quem irá conferir a mostra”, disse Araújo.

Outro destaque é o intercâmbio que irá acontecer entre os artistas Adones Valença e Paulo Meira, na instalação work in progress Sesibicidades. Iniciada em 2013, o trabalho surgiu a partir de um mapeamento da área central de Garanhuns, e resultou em diversas criações que, através do universo popular, questionam o entendimento do que é arte na contemporaneidade. “A presença de Paulo Meira, como convidado dessa experimentação artística, visa promover um dialógo entre a obra de cada um deles e também assegurar o conceito work in progress proposto por Adones à curadoria. Eles adoraram a ideia e já estão trocando ideias sobre o que vão exibir por lá”, adiantou Ellen.

Já os artistas pernambucanos Marcela Camelo, Izidorio Cavalcanti, Charles Martins e Bruno Vieira irão mostrar, em Para vender Utopias, um combo de exposição, performances, instalações e intervenções urbanas que, com elementos da rua, promoverão uma ponte a Casa Galeria Galpão e os espaços públicos de Garanhuns. “Somos um grupo de quatro artistas que, embora tenhamos propostas de trabalhos completamente diferentes, encontram na rua e no comércio, por isso o nome Para vender Utopias, substrato para suas artes. Queremos estabelecer uma conexão entre o que acontece na rua e a Casa Galeria Galpão”, contou Marcela Camelo.

Entre as performances e intervenções programadas, estão: a do artista Roberto Jaffier, que, no dia da abertura do espaço (dia 19/7, às 19h), irá mostrar um extrato de sua instalação Criador de Memórias, a partir de dispositivos sonoros e projetivos; a intervenção urbana de Leandro Iván Oliván, Contato Sonoro, que acontecerá no entorno da Casa Galeria Galpão (dia 19/7, às 18h30), e estabelecerá a condutividade dos corpos humanos, através de contatos na mesma frequência; e Não estou aqui, do artista garanhunense Clóvis Teodorico (dia 19/7, às 16h), que realizará várias intervenções pelas ruas e principais polos da cidade. Destaca-se ainda a exposição Olhar, do artista Rubens Costa, de Garanhuns, que fará um passeio por diversos momentos de sua trajetória artística.

Design e Moda
A Casa Galeria Galpão também abrigará cinco exposições de Design e Moda: Lendas Vivas, do artista potiguar Andrey Salvador; Estampado na Cidade, de Thalita Medeiros (Goaiana/PE); ContraFluxo, de Caio Lobo (Garanhuns/PE); DÊ-BÔ-TÊ, de Zé Lucas (Garanhuns/PE); Tempo Grão, de Katarina Barbosa (Garanhuns/PE). “Assim como em Artes Visuais, grande parte dos nossos trabalhos selecionados para o FIG 2015 foram escolhidos pela Comissão (de Análise de Mérito Cultural). Para dar uma equilibrada entre moda e design, o único artista que convidamos foi o jovem garanhunense Caio Lobo, que apresentará uns móveis conceituais que produz desde muito novo”, disse Ana Lira, assistente da Coordenadoria de Design e Moda.

Victor Jucá/Secult-PE/Fundarpe

“Essa é a primeira vez que apresento meu trabalho em Pernambuco. E não vou negar que estou bastante ansioso com a receptividade do público. Espero que os visitantes gostem dos looks que criei inspirados nas lendas contadas no Nordeste”, disse Andrey Salvador, responsável pela mostra Lendas Vivas. Com dez peças, o designer, que é do Rio Grande do Norte, criou uma exposição baseada em vários contos da cultura popular, como Viúva Machado (RN), a Mulher de Branco, o Carro de Boi, a Coruja da Igreja Matriz (presentes e contadas de diferentes formas em vários Estados nordestinos) e a Cobra da Lagoa de Extremoz (RN). “Usei penas, tecidos leves e fluídos, como algodão e seda, e tecidos mais estruturados, como organza e camurça, para recriar roupas que, embora não sejam tipicamente características dessas regiões, dialogam bem com o imaginário dos espaços onde essas lendas são contadas”, disse Salvador.

Em DÊ-BÔ-TÊ, do garanhunense Zé Lucas, os visitantes poderão conferir uma mostra que apresenta a maquiagem não só como uma forma de embelezamento, mas também de adorno e expressão artística. A ação conta com fotos e vídeos das maquiagens criadas para o projeto, assim como uma ferramenta na qual o público poderá interagir.

Também de Garanhuns, a designer Katarina Barbosa criou, para Tempo Grão, uma peça que usa a memória como referência. “Esse look foi criado a partir de um poema da autora pernambucana Cida Pedrosa, Grace, contido no livro As Filhas de Lilith, que retrata a história de quatro gerações de mulheres, através do café. O café é o link, é o canal da memória afetiva, que liga a vida dessas personagens, desde a colheita do grão ao café expresso servido no copo descartável”, disse sobre o projeto que pretende transformar numa coleção. “Essa primeira é parte de um projeto que quero criar e lançar em janeiro do ano que vem. Como sou do interior, pretendo criar um vídeo-fashion do processo de criação dessa coleção e, assim, alcançar mais pessoas e oferecer ao trabalho uma perenidade maior”, adiantou.

Único convidado da área de Design e Moda, o designer Caio Lobo irá mostrar que é possível misturar artes plásticas à criação de móveis, em ContraFluxo. Com 28 anos, o artista de móveis, como prefere ser definido, exibirá suas peças que utilizam materiais e técnicas pouco comuns ao universo do design de produtos, e mostrará que é possível fugir da convencionalidade quando o assunto é design de produtos.

Na exposição/intervenção Estampado da Cidade, a designer goianense Thalita Medeiros propõe uma ação de vivência em que os participantes poderão observar de maneira mais cuidadosa as peculiaridades e o patrimônio material de Garanhuns, através de uma visita guiada por um morador da cidade. Os participantes irão fotografar os aspectos que lhes chamaram atenção, e que podem ser analisados e transformados em moldes para aplicação em diversas superfícies por meio da técnica de estêncil. Por fim, o resultado desses moldes vão formar um painel que será construído para ser exposto na Casa Galeria Galpão.

Fotografia

Na área de fotografia, a Casa Galeria Galpão receberá três mostras e um projeto interativo: No Sertão dos Gerais, da jornalista e fotógrafa paulista Ana Caroline de Lima; Vivências: Pernambuco – Alagoas, de Luciana Ourique; A Praia, da pernambucana Marina Feldhues; e o @FIGmatik, do recifense Iezu Kaeru.


No Sertão dos Gerais retrata a vida dos moradores de seis municípios mineiros
Ana Caroline de Lima/Divulgação

Premiado como melhor Ensaio Documental e Melhor Imagem Individual, no 2º Festival Théo Brandão de Fotografias e Filmes, de Alagoas, No Sertão das Gerais, de Ana Caroline de Lima fez um mapeamento imagético dos moradores das regiões Norte e Noroeste de Minas Gerais, a fim de descobrir como eles têm feito para se desvencilhar da seca que tem ultimamente assolado essas áreas. “Esses moradores viam, nas veredas que haviam nessas regiões, uma garantia de sobrevivência – caracterizada por solos pantanosos e cercados de vegetação nativa. As veredas costumavam ser conhecidas como as caixas d’água do Sertão e, hoje, com essa seca, essas áreas estão cada vez mais raras. Os moradores dos municípios de Januária, Urucuia, Bonito de Minas, Arinos e Riachinho e do vilarejo de Ribeirão de Areia, outrora berços de grandes veredas, atualmente têm de andar longas distâncias à procura de água. Quis percorrer esses vilarejos do sertão mineiro para retratar e conhecer personagens que transmitam o espírito sertanejo de resiliência e a forma que eles encontraram para se adaptar à falta d’água”, disse Ana Caroline a respeito das 20 imagens que exibirá no FIG.

Pensado especialmente para essa 25ª edição do Festival de Inverno, o projeto interativo @FIGmatik, de Iezu Kaeru, revela/apresenta/discute as mudanças pelas quais a fotografia vem passando nesses últimos anos, graças à popularização dos dispositivos móveis, como smartphones e máquinas digitais, e às redes sociais. “Através do Instagram, rede de compartilhamento de fotos, o FIGmatik irá fotografar as pessoas de um modo criativo, durante o Festival, tanto moradores quanto turistas, utilizando a técnica do retrato. Os muros de Garanhuns servirão como pano de fundo das imagens que serão publicadas diariamente na nossa conta no Instagram. Utilizando um iPhone 6, irei abordar pessoas nas ruas, criar retratos e estabelecer um diálogo explicativo sobre a obra, bem como estimulá-las a compartilhar seus retratos com a hastag #FIGmatik. A ideia é estimular essa interação entre os moradores de Garanhuns com sua própria cidade, com sua arquitetura, seus habitantes, seus hábitos e, principalmente, sua cultura e identidade”, afirmou Iezu. Os retratos do projeto serão materializados num catálogo, que será distribuído gratuitamente no dia do encerramento da Casa Galeria Galpão. “Queremos materializar numa publicação impressa a memória do Festival retratada por vários olhares”, finalizou o idealizador.

Doze imagens comporão a exposição A Praia, da recifense Marina Feldhues /Divulgação

Propondo-se a fugir do que estamos acostumados a ver sobre imagens do mar e lugares paradisíacos, a fotógrafa pernambucana Marina Feldhues, na inédita A Praia, criou uma série fotográfica tal qual a praia se apresenta em seus sonhos: “densa, misteriosa, quase outro planeta, outra dimensão”. “Como se trata de uma mostra cuja temática tem um cunho bem pessoal, criei uma atmosfera bem onírica, da qual a localização de tomada das fotos não são reveladas, justamente para não passar a ideia de um ensaio fotográfico de uma praia específica e, sim, um ensaio que estabelecesse um conceito de praia do qual estamos desabituados a ver por aí”, afirmou sobre as 12 imagens que compõem sua mostra. 

Inédita em nosso Estado, a mostra Vivências: Pernambucos-Alagoas já foi exibida no Museu da Imagem e do Som (MISA) 
Luciana Ourique/Divulgação

Por fim, a pernambucana Luciana Ourique exibirá a exposição Vivências: Pernambucos-Alagoas. Contemplada pelo Funcultura, em 2011, as 34 imagens revelam a produção de dez anos da fotógrafa entre as rodovias BR 101 Sul, PE-60, AL 101 e AL-435, estradas que ligam e entrecortam os dois Estados. “Como a mostra só foi exibida em Alagoas, no Museu da Imagem e do Som, acho de extrema importância trazer de volta essa riqueza cultural e fotográfica para que os pernambucanos também possam desfrutar. As fotografias reúnem personagem das duas unidades federativas e, através da pesquisa e catalogação das diversidades culturais de PE e AL, contribuem para o fortalecimento, conhecimento e preservação e visibilidade de nossas culturas”, disse Luciana.

O acesso à Casa Galeria Galpão é gratuito. Confira a programação completa do espaço durante o FIG 2015:

ARTES VISUAIS

Casa Galeria Galpão
De 19 a 25 de julho | 16h às 21h
Endereço: Av. Dantas Barreto, 34

Sonhadores
Daaniel Araújo
Exposição Work in progress

Criador de Memórias
Roberto Jaffier
Instalação/Performance

Sensibicidade
Adones Valença e Paulo Meira
Instalação Work in progress

Para Vender Utopias
Marcela Camelo Barros, Izidorio Cavalcanti, Charles Martins, Bruno Vieira
Instalação, Performance, Interação e Intervenção Urbana

Diálogo Ex-Positivo
Beth da Mata e Marcelo Silveira

Contato Sonoro
Leandro Oliván
Intervenção Urbana

Olhar
Rubens Costa
Exposição de Pinturas

DESIGN & MODA

Casa Galeria Galpão
De 19 a 25 de julho | 16h às 21h
Endereço: Av. Dantas Barreto, 34

Exposição Lendas Vivas
Andrey Salvador (Natal-RN)

Estampado da Cidade
Thalita Medeiros (Goiana-PE)

DÊ-BÔ-TÊ
Zé Lucas (Garanhuns-PE)

TEMPO GRÃO
Katarina Barbosa (Garanhuns-PE)

Contrafluxo
Caio Lobo (Garanhuns-PE)

Centro de Turismo e Lazer SESC Garanhuns
Rua Manoel Clemente, 185 – Santo Antônio

Sexta-feira, 24/7
19h30 – Desfile do estilista Augusto Alencar

FOTOGRAFIA

Casa Galeria Galpão
De 19 a 25 de julho | 16h às 21h
Endereço: Av. Dantas Barreto, 34

@FIGmatik
Iezu Kaeru

No Sertão dos Gerais
Ana Caroline de Lima

Vivências: Pernambuco – Alagoas
Luciana Ourique

A Praia
Marina Feldhues



Ascom