Ele estava internado no Hospital Otávio de Freitas

Músico não participou do último show da banda, em abril. 
Foto: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

"Meu colírio são as lágrimas". Assim, Ivinho definiu durante a semana, poucas horas antes de morrer, o sofrimento pelo qual passava. Ele queria comemorar nos palcos a retomada da Ave Sangria, lendária banda pernambucana da década de 1970, um dos principais ícones da rock psicodélico da época.

Nesta sexta-feira, aos 62 anos, ele perdeu a luta contra a a hemorragia digestiva, em decorrência de uma cirrose diagnosticada no início do ano. Ivson Wanderlei Pessoa morreu às 20h31, de falência múltipla de órgãos. Ele estava desde o dia 4 de junho no Hospital Otávio de Freitase, Tejipió. 

O corpo de Ivinho será enterrado no Cemitério de Casa Amarela, neste domingo, às 11h. "Ele teve uma recaída muito forte e estava sofrendo muito. Não tinha mais onde pegar sangue. Deus sabe o que faz. Quando fui visitá-lo ontem (sexta), ele estava muito debilitado. Passou mal e foi transferido para a UTI", conta o irmão dele, Sinay Pessoa, de 60 anos. O guitarrista tinha uma filha e morava sozinho, na Boa Vista.

No fim de abril, ele foi internado com hemorragia gástrica e ficou internado no Hospital Agamenon Magalhães. Devido à internação, ele não participou do show do Ave Sangria na primeira noite do Abril Pro Rock. O companheiro de banda Paulo Rafael assumiu a guitarra solo.

"A gente estava aguardando ele se recuperar para voltar a tocar com a banda. Mesmo quando não tinha show da Ave Sangria, a gente se encontrava, tinha uma relação musical muito forte. Ele era meu amigo desde criança", conta Almir Oliveira, baixista do grupo.

Considerado um dos melhores instrumentistas do estado, Ivinho entrou na Ave Sangria junto com Almir Oliveira. Apaixonado pela guitarra, foi o compositor de um dos temas instrumentais do LP do Ave Sangria, Sob o Sol de Satã. Nela, tocou quase todos os instrumentos, com exceção da bateria, gravada por Israel Semente Proibida.

O vocalista da Ave Sangria, Marco Polo, esteve com Ivinho poucos dias antes do internamento e lamentou a perda. "Ele estava muito bem, bem humorado. Contei que ele iria receber os cachês, mesmo sem poder participar dos shows, porque o som da banda tem o DNA dele. Estou muito triste", relatou.

Para Marco Polo, Ivinho e Israel Semente Proibida eram dois talentos acima da média na banda. "A Ave Sangria é uma soma muito feliz de talentos, mas eles dois eram geniais, com capacidade de conquistar o mundo", acrescentou o vocalista.

Ele chegou a integrar a banda de Alceu Valença, mas logo se afastou. Como artista solo, foi o primeiro brasileiro a se apresentar no Festival de Montreux - embora os créditos históricos dediquem a honra a Gilberto Gil -, na Suíça, 1978, templo do jazz , em show que acabou virando disco.



Fonte: DP