Foi descoberto que os primatas podem até mesmo formar sentenças básicas para se comunicar. Os investigadores ainda descobriram as mesmas espécies de macacos localizados em regiões geográficas distintas, usando seus gritos de alarme de forma diferente para alertar sobre a aproximação de predadores.

O estudo, publicado na revista Linguistics and Philosophy, revela a análise linguística feita por uma equipe de cientistas. "Nossos resultados mostram que os macacos de Campbell - como é conhecida a espécie que habita a região da Costa do Marfim - têm uma distinção entre as raízes e sufixos, e que a sua combinação permite que os macacos descrevam tanto a natureza da ameaça quanto o seu grau de perigo", disse o principal autor do estudo, Philippe Schlenker do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) e Professor de Distinção Global na Universidade de Nova Iorque.


A equipe formada por linguistas e primatologistas analisaram as chamadas de alarme de macacos de Campbell em dois locais: na Floresta Tai, na Costa do Marfim e Tiwai Island, em Serra Leoa.

Notavelmente, os predadores do macaco nos dois locais diferem: os primatas são ameaçadas por águias em Tiwai Island e por águias e leopardos na Floresta Tai. Usando transcrições da fala dos macacos, os especialistas realizaram experimentos de campo envolvendo playbacks dos alertas para predadores (por exemplo, gritos de águia e o rosnar do leopardo), e descobriram uma maior complexidade na forma de expressão primata do que se pensava anteriormente, bem como as diferenças de chamadas nos dois locais.

A análise mostrou que essas falas fazem uma distinção entre as raízes (especialmente “hok” e “krak”) e sufixos (-oo), e que a sua combinação permite que os macacos descrevam tanto a natureza da ameaça quanto o seu grau de perigo. Por exemplo, “hok” alerta para graves ameaças aéreas, geralmente a aproximação de águias, e “hok-oo” pode ser usado para uma variedade de perigos aéreos de forma generalizada. O efeito, do sufixo “-oo” serve como uma espécie de atenuador.

Além disso, os resultados sugerem que esses dialetos foram diferentes nos dois locais estudados. Por exemplo, “crac” geralmente funciona como uma chamada de alerta a leopardos na Floresta Tai, mas, em Tiwai, funciona como uma chamada de alarme geral para alertar sobre todos os tipos de perigos, incluindo águias. O artigo procura explicar por que ocorre essa variação no dialeto, como uma espécie de idioma.

Os autores disseram que a análise é baseada em práticas incorporadas da linguagem humana. A longo prazo, Schlenker acredita que a pesquisa ajude a iniciar o desenvolvimento de uma forma de “linguística primata” com a aplicação de métodos sofisticados da linguística formal contemporânea, para formular sistemas de comunicação animal.




Fonte: J.Ciência/DailyMail Foto: Reprodução / DailyMail