Depois de uma semana de comemoração, no Pátio de São Pedro, pelos seis anos do Memorial Luiz Gonzaga, com oficinas, exibição de filmes e mediação musical, um momento de festa para enaltecer o equipamento e a trajetória do Rei do Baião. 

Neste sábado (2), ao longo do dia, o Mercado da Madalena se transformou em reduto de celebração à cultura sertaneja, com exposição de parte do acervo do Memorial Luiz Gonzaga, feira de livros e discos, recital e apresentações musicais.

Para o gerente do Memorial Luiz Gonzaga, José Mauro Alencar, o local escolhido para a homenagem deste sábado, 2 de agosto – data que marca também o falecimento do Mestre Lua, ocorrido há 25 anos – atendeu ao objetivo da ação. “Um dos ambientes onde o Memorial – equipamento da Fundação de Cultura Cidade do Recife – desenvolve suas ações tem sido o Mercado da Madalena, por ser um ponto de encontro dos sertanejos, da cultura sertaneja. Aqui sempre tem esse público da sanfona, da cantoria de viola e dessas matrizes que influenciaram a obra de Luiz Gonzaga. Então é uma conexão direta, por isso houve a ideia de criar, no espaço externo do Mercado todo esse ambiente de convivência artística”, contou.

As apresentações começaram por volta das 13h, com o grupo BemDita, formado por Susana Morais, Lina Vitrolira e Thiago Martins. Os três deram dicção poética para composições de Luiz Gonzaga e recitaram letras de músicas como Boiadeiro, Acauã e Pau de Arara. O motorista Mário Vaz, morador do bairro da Madalena e assíduo frequentador do mercado público, onde costuma tomar café da manhã, estava animado com as atividades. “Achei ótimo! Tá muito boa a programação. Quando eu soube que teria festa pra Luiz Gonzaga decidi ficar”, disse, enquanto mostrava contente as fotos da recente viagem que fez a Exú, no sertão pernambucano, para conhecer os locais vividos e cantados pelo Rei do Baião.

Na sequência foi a vez do poeta Chico Pedrosa soltar o verbo. Inspirado pela homenagem a Gonzagão, Pedrosa escreveu e declamou, na hora, os seguintes versos: “Parabenizamos a boa administração do Memorial Luiz Gonzaga, Rei do Baião, neste sábado, 2 de agosto, em homenagem ao sertão. Quem faz história não morre, apenas muda de vida, e os memoriais dão prova que a morte jamais liquida aqueles que plantam arte na nossa terra querida. Hoje fazem 25 anos que Luiz, Rei do Baião, saiu do plano terrestre para outra dimensão, do sertão da eternidade para mostrar à humanidade o que de fato é sertão”. Ele recitou também o cordel biográfico “Luiz: Luar do Sertão”, elaborado em 2012 para homenagear o centenário de Gonzaga.

O músico carioca Vinicius Pinto, que há três anos decidiu morar na capital pernambucana, também compareceu ao aniversário do Memorial Luiz Gonzaga e homenagem ao Rei do Baião. Depois de comprar livro e CD do poeta Chico Pedrosa, ele ficou no Mercado da Madalena para assistir às apresentações. “Acho muito legal o evento, por isso vim prestigiar. A cultura daqui é muito rica e ainda é pouco valorizada, a gente precisa estar junto pra divulgar cada vez mais”, falou.

Para o escritor José Nobre, coautor do livro “Porque o Rei é imortal” e diretor do Museu Fonográfico de Luiz Gonzaga de Campina Grande, a celebração também permite a difusão do legado do Mestre Lua. “Minha preocupação maior é com as gerações que estão chegando. Eles precisam conhecer o nosso passado para construir um futuro melhor. Então, essa oportunidade que estamos tendo hoje, de ter acesso à música, à história, é uma feira básica de ciência e conhecimento”, opinou.

Após os recitais, o público curtiu o melhor do xote e do baião de Luiz Gonzaga, interpretado por forrozeiros como Cesar Amaral, Benil, Perkata de Couro, Andrezza, Liv Moraes, Roberto Cruz, Nádia Maia, André Macambira, entre outros.


Fonte: ASCOM