A ditadura do corpo ideal e o preconceito velado: A beleza é tão somente uma contemplação subjetiva e relativa, não deveria ser enquadrada em padrões que excluem e discriminam


A palavra estética refere-se à cognição pelos sentidos, ou seja, a “compreensão pelos sentidos”. É um ramo da filosofia que perpassa e ultrapassa o campo visual já que compreende um conjunto de sensações que refletem a percepção da beleza. Além das avaliações e julgamentos do que é o belo, contempla-se também a emoção que ela suscita nos seres humanos. Essa concepção está presente especialmente na arte, mas diz respeito a toda a natureza. Dessa forma, infere-se uma questão: “o que é a beleza?” e com ela, o chavão de que gosto não se discute.

É claro que não se pode definir objetivamente a beleza, visto que ela não é uma propriedade imutável que se atribui ou não aos objetos, mas uma sensação própria do sujeito que a percebe, ajustada aos seus valores pessoais, ainda que tais valores estejam inevitavelmente subordinados aos valores culturais e histórico-sociais de determinada sociedade em dado tempo histórico. A beleza é relativa, não há como negar, mas essa relativização é profundamente ofuscada pela busca de uma essência ideal, um padrão de beleza.

As transformações dos padrões de beleza do corpo feminino ao longo do tempo marcaram a evolução de diferentes visões sociais acerca do modelo estético que deveria ser incorporado pelas mulheres. A forma como as mulheres eram retratadas no período colonial, por exemplo, distancia-se bastante do modelo buscado atualmente. Além desse processo corrente, isso evidencia também que os padrões são produtos de uma cultura.

Fonte: Pragmatismo Político