O Estado de Pernambuco, como toda a região Nordeste, apresenta uma grande variedade de produtos artesanais. Além do tipo figurativo, composto por peças que são verdadeiras obras de arte, há uma enorme quantidade de produtos utilitários, indispensáveis no dia-a-dia da nossa população. Pelos principais ramos, o artesanato pernambucano está assim dividido: Cestaria e trançados; bordados e rendas; cerâmica; couro; tecelagem; madeira; metal; tapeçaria.
Cerâmica - É a argila modelada e aquecida a ponto de manter a forma definitiva desejada. Basicamente, existem dois tipos: a cerâmica utilitária e a ornamental, embora atualmente grande número de peças de cerâmica utilitária seja utilizada para efeito decorativo. O processo de produção é único: pegar determinada quantidade de argila, misturá-la à água para formar o barro destinado à curtição durante dois ou três dias. Depois, vem a etapa do amassamento para tornar o barro homogêneo. O barro ganha consistência pastosa, ideal para a modelagem. As peças modeladas passam pela fase de secagem e, depois, vem a etapa do cozimento, geralmente em fornos rudimentares. As peças são: vasos, panelas, jarros, bonecos e outra infinidade de objetos.
Cestaria e trançados - São muitos os artigos produzidos com fibras vegetais: bolsas de vários tamanhos e modelos, tapetes, chapéus, cestas, esteiras, sacolas, estandartes etc. As fibras que servem de matéria-prima também são muitas, como o sisal (ou agave), folha de carnaubeira, folha de bananeira, de coqueiro, de ouricuri, buriti, catolé e outros. Além disso, também servem como matéria-prima: linhas de coser, cordões, cordas, linha de náilon, cola e arame. Boa parte dos artigos comercializados em Pernambuco vem de um dos maiores produtores nordestinos de artigos desse tipo, o Rio Grande do norte, onde as matérias-primas predominantes são o sisal e a palma da carnaubeira.
Bordados - O bordado, executado sobre o tecido com agulha e linha, difere da renda porque esta não é aplicada sobre funda já existente: ela mesma é um tecido de malhas abertas e com textura delicada, cujos fios se entrelaçam formando um desenho. Os bordados existem em vários tipos: ponto-de-cruz, ponto-cheio, labirinto, renascença e outros. Já as rendas mais famosas são as de bilros. Tanto com o bordado quanto com as rendas, são confeccionados artigos de cama e mesa e peças de vestuário.
Redes - Grande parte das redes produzidas atualmente em Pernambuco já são através de processos industriais. Mas, em algumas regiões como, por exemplo, o município de Tacaratu - ainda está presente o processo artesanal, através do qual a rede é produzida num penoso trabalho de mais de 20 etapas. A parte mais pesada do trabalho (a de tecelagem do pano que serve de corpo da rede) é feita através dos chamados teares de batelão. Outras partes fundamentais são as de confecção da corda de trancelim e do punho. A matéria-prima principal para o fabrico da rede é o fio de algodão.
Artigos de metal - Feitos com matérias-primas como o zinco, bronze e sucata e latão, há uma grande variedade de peças artesanais em metal. Exemplos: chocalhos, campainhas, sinetas, cinzeiros, castiçais, bacias, crucifixos, brasões, etc. Com sucata de latão, também são produzidos vários tipos de brinquedos infantis, como carros, trens, cata-ventos, miniaturas de carrosséis e rodas-gigantes, entre outros. O município de Gravatá é um grande produtor de brinquedos infantis através de processo artesanal. Na cidade de Cachoeirinha, conhecida com a terra do couro e do aço, entre as peças em metal mais vendidas estão o estribo e a espora.
Artigos de couro - São artigos como bolsas, cintos, chapéus, sapatos e outros, do tipo popular, destinados à população de baixa renda. Além desses produtos, também são confeccionados arreios para cavalo, bainhas para faca, moringas, cartucheiras, gibões e selas para montaria em animais. Os maiores centros produtores de artigos artesanais em couro do Estado são os municípios de Toritama e Timbaúba, produtores sobretudo de calçados, bolsas e cintos. As principais matérias-primas utilizadas são o couro de bovinos ou caprinos e borracha (reaproveitamento de pneus).
Artigos em madeira - Como a cerâmica, os artigos artesanais em madeira dividem-se em dois tipos: o utilitário e o decorativo. Entre as peça utilitárias, destacam-se a colher de pau, cabides, saleiros, açucareiros, etc. Entre as peças decorativas, destacam-se as talhas. Segundo o pesquisador Olímpio Bonald Neto, a arte do entalhamento, de origem européia, chegou a Pernambuco em meados do Século XVI, com a construção de templos e fortificações. O trabalho desses primeiros carpinteiros também foi utilizado pelos engenhos de açúcar, para confeccionar as moendas, os eixos, as rodas d'água, as caixas de transportar açúcar, além de abrir as marcas dos senhores de engenhos em peças nobres. As madeiras mais utilizadas eram a sucupira, massaranduba, pau-d'arco, pau-brasil, que na época existiam em abundância na Mata Atlântica. Além das talhas, existem também os brinquedos populares em madeira, como peões, iô-iôs e o mané-gostoso (pequeno boneco que, acionado, imita um ginasta numa barra).
Principais localidades produtoras de artigos artesanais no Estado
Ramos Localidades


Cerâmica: Igarassu, Lagoa de Itaenga, Olinda, Nazaré da Mata, Surubim, São Lourenço da Mata, Recife e Tracunhaém.
Cestaria e Trançado: Águas Belas, Arcoverde, Alagoinha, Barreiros, Caruaru, Canhotinho, Fazenda Nova, Floresta, Itamaracá, Garanhuns, Petrolândia, Jaboatão, Petrolina, Jupi, Recife, Tamandaré, Timbaúba, São Lourenço da Mata, Serrita.
Bordados e Rendas: Poção, Pesqueira, Tacaimbó, Alagoinha, Bezerros, Caetés, Carpina, Fazenda Nova, Limoeiro, Jataúba, Paudalho, Paulista, Ribeirão, São Lourenço da Mata, Recife.
Tecelagem: Tacaratu, Itacuruba, Caruaru, Carpina, Itamaracá, Goiana, Limoeiro, Timbaúba, Toritama, São Lourenço da Mata, Recife.
Madeira: Gravatá, Águas Belas, Olinda, Caruaru, Bezerros, Água Preta, Fazenda Nova, Cupira, Itamaracá, Ibimirim, Palmares, Panelas, Quipapá, Petrolina, Rio Formoso, Recife, Surubim.
Couro: Cachoeirinha, Caruaru, Timbaúba, Águas Belas, Cupira, Panelas, Fazenda Nova, Floresta, Goiana, Limoeiro, Palmerina, Pedra, Santa Cruz do Capibaribe, Tacaratu, Toritana, Recife.
Metal: Gravatá, Bezerros, Agrestina, Água Preta, Caruaru, Cabo, Cupira, Fazenda Nova, Panelas, Petrolina, São Caetano, Surubim, Recife.
Tapeçaria: Rio Formoso, Olinda, Recife, Quipapá, Barreiros, Limoeiro.

Fonte: Banco do Nordeste. Incluindo artesanato figurativo e utilitário