Foto: Peu Ricardo

Neste domingo (02), lugar de alvirrubro é nos Aflitos. Não tem desculpa. Faça chuva ou faça sol, é dia de lotar o estádio e fazer dele um caldeirão branco e vermelho. Não importa se a equipe está mal das pernas e ainda não venceu na Série A. Ele não tem nada a ver com isso e merece, na sua última partida, uma despedida de dar orgulho a todos os alvirrubros. Nos despedimos logo mais, Eládio de Barros Carvalho, mas tenha certeza que o amor permanecerá eterno.

Aos 73 anos de idade, Eládio pode di­zer que viveu intensamente. Entre glórias e decepções, lá estava ele. Passou por algumas mudanças, nunca pôde dar muito luxo a quem o visitava, mas nunca perdeu a essência acolhedora. Ao longo desse tempo de trabalho, que não poupava nem mesmo os fins de semana, se acostumou a receber milhares de pessoas. Fazia tudo para que os convidados se sentissem em casa. E por todos esses anos, foi o segundo lar de várias gerações de torcedores. Neste domingo, ele vai descansar e na sua vaga ficará um jovem pronto para substituí-lo à altura. O Eládio de Barros Carvalho se aposentará. É a hora da despedida dos Aflitos.
No seu último dia de serviço, o estádio receberá o jogo entre Náutico e Portuguesa, pela terceira rodada do Brasileirão. Após a Copa das Confederações, o clube da Rosa e Silva vai mandar seus duelos na Arena Pernambuco. Mas antes disso, ainda há tempo de reviver algumas histórias do palco alvirrubro.
Inaugurado no dia 25 de junho de 1939, o pacato bairro dos Aflitos deu nome ao Estádio Eládio de Barros Carvalho, presidente do clube durante 14 anos. Nesta mesma data foi realizada a primeira partida, contra o Sport, vencida por 5x2 pelos alvirrubros. O primeiro gol nos Aflitos foi marcado pelo alvirrubro Wilson.
Na década de 1960, já com as arquibancadas suspensas e com o famoso “Balança, mas não cai”, o estádio foi palco do hexacampeonato estadual. Nado, Ivan Brondi, Bita e companhia formaram o maior time que já desfilou no gramado dos Aflitos. Em 1967, o clube foi vice-campeão da Taça Brasil e um ano depois foi hexa, após vencer o Sport por 1x0. Tal partida teve o público recorde do estádio, com cerca de 31 mil torcedores.
Os seis títulos estaduais seguidos foram entre 1963 e 1968. Nessa década, o historiador alvirrubro Carlos Celso Cordeiro, autor de vários livros sobre o Náutico e o futebol pernambucano, conta como foi uma de suas experiências no local. “Ainda não tinha visto o Náutico ser campeão nos Aflitos. Como morava em Tabira (cidade do Interior que fica a mais de 400 quilômetros de distância do Recife), não via muitos jogos. Em 1963, o Náutico decidia contra o Sport o Campeonato Estadual. Tinha vencido o primeiro jogo na Ilha e se vencesse nos Aflitos a segunda partida, era campeão. Meu tio pediu para que eu resolvesse um problema na Capital. Peguei uma carona com um viajante e aproveitei para ir ao jogo também, que terminou 4x2. Por sinal, naquele jogo fui roubado, mas vi o time ser campeão”, brinca. Essa é apenas um dos causos sobre esse quase aposentado Aflitos. E mesmo longe de atividade, o senhor Eládio de Barros Carvalho ainda vai ser tema de muitas histórias.
Náutico: Felipe; Maranhão, João Filipi, William Alves e Bruno Collaço; Auremir, Martinez e Marcos Vinícius; Caion, Jones Carioca e Rogério. Técnico: Silas
Portuguesa: Gledson, Luis Ricardo, Lima, Valdomiro e Rogério; Ferdinando, Correa , Souza e Matheus; Flecha Arraya e Romão. Técnico: Edson Pimenta
Local: Estádio dos Aflitos (Recife/PE)
Horário: 18h30
Árbitro: Dewson Fernando Freitas da Silva (PA)
Assistentes: Cleriston Clay Barreto Rios (SE) e Thiago Gomes Brigido (CE)
Ingressos: R$ 40 (arquibancada) e R$ 20 (sócio e meia-entrada)
Informacões: Folha-Pe.