Ferreiros, município situado na Zona da Mata Norte de Pernambuco, fica a 118 Km do Recife e quase faz limite com a paraíba. Saindo do Recife pela BR-408 em direção a Ferreiros, vale a pena também dar uma passadinha em Paudalho, Tracunhaém, Nazaré da Mata e Timbaúba, todas de rica cultura popular. Lugar de gente simpática e hospitaleira, Ferreiros tem uma população de 11.437 habitantes e uma juventude promissora. Cidade de aroma doce e cercada por canaviais, é pacata e ao mesmo tempo festeira. O município tem 49 anos de emancipação política, completados recentemente, e se originou de um povoado surgido no século XIX.

No lugar onde se ergueu a cidade, residiam alguns artífices que trabalhavam com ferro. As casas desses trabalhadores serviam de oficinas de conserto dos equipamentos dos engenhos de açúcar e se situavam na periferia. Quando os senhores de engenho tinham um tacho, um alambique ou outra peça qualquer para consertar, iam até o lugarejo onde estavam os ferreiros para que suas peças fossem restauradas.


Mais tarde, com a construção da Capela de Nossa Senhora da Conceição (Padroeira do atual município), foram se erguendo outras casinhas, que deram origem ao povoado, em 1889. Na mesma época, residia em uma casa de pedra nas imediações dos “Ferreiros” o latifundiário Henrique David, que, segundo os mais antigos, era um homem cruel que costumava experimentar suas armas novas em criaturas humanas. Era nas terras dele que os “Ferreiros” residiam, num lugar que naquela época se chamava “Carrapateiras”. O distrito denominado Ferreiros foi criado por uma lei de 16 de março de 1949 em terras desmembradas de Camutanga, que por sua vez, era subordinado ao município de Itambé. Ferreiros foi elevado à categoria de município em 1963.

O jovem município aos poucos está desenvolvendo sua história. Vizinho de Timbaúba, ele se beneficia de uma parceria na educação com a Escola Técnica Estadual Governador Miguel Arraes, que fica na PE-82, além de faculdades. O município tem uma fábrica de calçados de segurança no trabalho (botas e outros tipos), que oferece 150 empregos diretos, bem como se beneficia com a Usina Olho d´Água, da vizinha Camutanga, grande geradora de empregos na região, e com a própria prefeitura, que oferece emprego para 530 pessoas. O inhame é outra cultura que também tem dado bons resultados.

município vai se costurando, buscando alternativas nas áreas básicas: infraestrutura, educação, saúde e geração de empregos, para que a juventude não precise se deslocar para outros centros em busca de trabalho. Por isso investimos na educação e, ainda este ano, teremos uma escola em tempo integral”, diz a prefeita da cidade, Maria Celma Veloso da Silva. Em Pernambuco, Ferreiros é conhecido pela fabricação de rabecas, que foi inserida na cultura local através do cavalo-marinho – folguedo que utiliza o instrumento em suas apresentações. Artistas de todas as partes vão ao município à procura do instrumento musical, como mestre Salustiano, que comprava o instrumento lá. Em Ferreiros se encontram oito rabequeiros e dois fabricantes, entre eles mestre Mané Pitunga e Zé da Rabeca. O tocador mais famoso era Manoel Pereira, que morreu há pouco tempo. Ele era muito respeitado na região por ter um modo especial de tocar, virtuoso e criativo, com um vasto e diversificado repertório (forró, babau, cavalo-marinho, samba, valsa ciranda, coco de roda e carimbo).

Nasceu de família artística e aprendeu aos 8 anos a tocar rabeca. Aos 14 anos de idade foi chamado para tocar cavalo-marinho e a partir daí tocou com mestre Inácio Lucindo, mestre Grimário, mestre Duda Bilau, entre outros. Ele também acompanhou a cantora Elba Ramalho em um dos seus shows no Recife. Em 1995 tocou no Primeiro Encontro dos Rabequeiros de Pernambuco, articulado pelo mestre Ariano Suassuna.

Para não deixar morrer a tradição, a prefeitura, há seis meses criou o projeto Rabeca na Escola, dentro do Pro jovem. Duzentos alunos, meninas e meninos de 15 a 17 anos, estão aprendendo a tocar o instrumento. De timbre mais baixo que o violino, a rabeca tem um som fanhoso e sentido como tristonho. Suas quatro cordas de tripa são afinadas por quintas em sol-ré-lá-mi. O tocador encosta a rabeca no braço e no peito, friccionando suas cordas com arco de crina, untado no breu. É, juntamente com a viola, um instrumento tradicional dos cantadores nordestinos. Muitas pessoas confundem a rabeca com o violino, apesar de não terem o mesmo som e timbre.



É de Ferreiros o Cineasta Linduarte Noronha, considerado o iniciador do cinema novo com o filme Aruanda (revelação do cinema paraibano).Ele foi praticamente proibido de fazer cinema nos anos dos governos militares. O cineasta nasceu em Ferreiros e depois se Mudou para João Pessoa. A partir de 1958, passou a publicar matérias em jornais locais, que lhe valeram alguns prêmios e a inspiração para realizar o filme Aruanda, que foi muito premiado.

Documentarista por convicção, Linduarte realizou uma filmografia curta, mas de grande qualidade. Vive em João Pessoa, onde prepara sua biografia, contando parte essencial da história do cinema nacional. Também é do município de Ferreiros, Nivaldo Gomes da Silva, ex-atleta de futebol e, atualmente, agente credenciado de jogadores e sócio proprietário da SNA Sports. Nivaldo foi lateral esquerdo do Sport Club do Recife, onde iniciou a carreira em 1975, e também jogou na Portuguesa Santista – SP e no Cruzeiro de Minas Gerais. Em Portugal, defendeu quatro clubes: Vitória de Guimarães, Benfica, Portimonense e União de Leiria. Depois de encerrar a carreira, Nivaldo Gomes retornou ao Recife, onde reside e agencia jogadores de futebol.

Ferreiros é uma cidade que gosta da moda e hoje é um centro de capacitação, sendo grande a procura pela arte do design e da costura. A cidade dispõe, na área de turismo, de belos passeios aos engenhos da região, como o Engenho Perori e o Guararema, e ao Monte do Engenho Bebedouro. No artesanato, destaca-se o rico trabalho com bordado, vagonite, renda, crochê, ponto de cruz e madeira (esculturas). Para quem deseja passar mais de um dia em Ferreiros, a cidade dispõe de um hotel e três restaurantes (comida caseira).



Academia da Cidade; centro cultural, onde acontecem as atividades artísticas; festas populares, como Carnaval e São João; atividades de capoeira e um núcleo de convivência dos idosos. Tem campo de futebol iluminado (Estádio Paulo Viana de Queiroz), cujo gramado, segundo a prefeita Celma Veloso, é de fazer inveja a muitos campos de futebol. Até a equipe júnior do Santa Cruz já treinou lá. As escolas usam o estádio para educação física e as igrejas fazem festas religiosas, entre outros eventos.

A prefeita ressaltou que alguns dos equipamentos urbanos, como o Centro Cultural, a iluminação do estádio de futebol e as ruas pavimentadas, contaram com o apoio da Amupe, através dos projetos básicos de captação de recursos para a execução das obras.

Fonte: Revista Cidades